terça-feira, 4 de novembro de 2014

Aterro do Flamengo a um passo do cinquentenário

O maior parque carioca é hoje sinônimo de lazer e desordem



No mesmo ano em que a Cidade Maravilhosa comemorará seus 450 anos, outra data também merece atenção: os 50 anos de fundação do Parque Brigadeiro Eduardo Gomes, mais conhecido como Parque do Flamengo, Aterro do Flamengo ou, simplesmente, Aterro. A área que nasceu da ideia da urbanista Lotta Macedo Soares em criar uma gigantesca área de lazer aberta a todos, foi tombada como Patrimônio Histórico e Arquitetônico em 1965 e hoje é palco de muitas alegrias e tristezas.

Com mais de um milhão e duzentos mil metros quadrados de área arborizada, abrigando quadras de esportes variados, rampas para skate, anfiteatro infantil, ciclovia compartilhada com área para corrida e caminhada, e, ainda, toda a orla da praia do Flamengo, o maior aterro urbano do mundo, é reconhecidamente a maior área de lazer pública e gratuita da cidade.

Com tanta área disponível e um contingente de apenas oito guardas-municipais que dispõem de um único veículo, segundo informação de um guarda municipal que tapou o nome no uniforme para não ser identificado, a rotina no parque é motivo de preocupação para seus frequentadores. Entretanto, a patrulha não se restringe a órgãos oficiais; moradores do bairro, tais como a fotógrafa Christina Amaral, mobilizam-se para pedir melhorias. Na página Aterro Vivo - grupo criado na rede social Facebook com o objetivo de discutir soluções voltadas à revitalização, manutenção e segurança do Parque do Flamengo-, a ativista publica na rede social o resultado de suas “patrulhas” diárias e frequentemente denuncia possíveis irregularidades no parque. Christina explica que os carros que trafegam no parque são um grande problema e que, inclusive, já presenciou o atropelamento de uma ciclista por um caminhão da Companhia de Limpeza Urbana (Comlurb).

“Estão todos reclamando da carga e descarga no meio dos pedestres. A polícia parou e falou que não podia. O cara da barraca e da Kombi nos xingaram e nos ameaçaram na frente dos policiais” e “Tragédia anunciada: os carros continuam” são apenas duas das várias postagens de Chistina alertando sobre um problema recorrente e reparado até mesmo por quem, a princípio, seria parte do problema. Telma dos Reis, de 56 anos e dona da “Barraca da Telminha 4/78” há vinte anos, usa uma bicicleta de carga para carregar os cocos que vende e desabafa: “Bombeiro, até a segurança, todos passam ‘voadão’ por aqui. Bicicleta, nem se fala; não usam a ciclovia. Este é um dos grandes problemas daqui. É isso todo dia.”

Após circular por pouco mais de uma hora no parque, foi possível cruzar com três carros da empresa de telefonia Vivo estacionados sobre a grama, um da Comlurb e outro da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop) trafegando na ciclovia e alguns tratores e maquinários relativos à estação de tratamento de esgoto no rio Carioca. (Foto: Christina Amaral)

Vocação para grandes eventos

O dia 21 de setembro foi mais um exemplo de como o Parque do Flamengo pode se transformar em uma arena para eventos grandiosos. O Dia Mundial sem Carro foi comemorado com a 27ª edição de “Um dia sem Carro” junto com o 3º “Circuito Pedalar”, Apesar da chuva que insistia em cair, os eventos conseguiram concentrar aproximadamente 20 mil ciclistas que percorreram o circuito de 12 quilômetros entre o Monumento dos Pracinhas e a Praia de Botafogo. (Assista ao vídeo abaixo)


Maria Cecília Castro

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