quarta-feira, 12 de novembro de 2014

A Corte de Portugal no Rio de Janeiro


O Rio de Janeiro em 2015 completará 450 anos de existência, 450 anos de cidade maravilhosa.

Maravilhosa por suas belezas naturais, pelo seu clima, pelo seu povo, mas também por sua
moderna infra-estrutura.
As benfeitorias criadas pelo homem ao longo do tempo foram importantíssimas para o desenvolvimento e embelezamento da cidade. Mas apesar de sempre de ter sido uma cidade modelo para o resto do país, o Rio de Janeiro só teria um grande salto urbanístico no ano de 1808, quando, fugindo do exército napoleônico, a corte real portuguesa foi obrigada a se transferir para as terras cariocas.

Dois anos antes, em 1806, a Europa ocidental se encontrava sobre o domínio quase total do Imperador da França, Napoleão Bonaparte, que anexava nações ao território Francês e atacava severamente quem se posicionava contra a sua política expansionista. 
O Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda, a principal potência da época, viu o crescimento econômico Militar da França como uma ameaça aos seus interesses, e condenou o imperialismo napoleônico. 
Os franceses, então, decidiram declarar guerra à Inglaterra, mas devido a poderosa marinha britânica, não foi possível conquistar o território rival. Visando enfraquecer a economia dos ingleses, que era o grande amparo do poderio britânico, Bonaparte determinou que todos os países europeus parassem de negociar com a Inglaterra, pois, caso negociasse, esses seriam invadidos pelo temido exercito francês. Esse boicote ficou conhecido como Bloqueio Continental.

Napoleão e o Bloqueio Continental

Portugal que era parceiro e dependente comercial da Inglaterra, ficou em um grande dilema: se não aderisse ao bloqueio, seria atacado pelas tropas de napoleão; caso se aliasse aos franceses, seriam os ingleses que invadiriam seu território. Diante da demora do governo luso em tomar uma posição, Napoleão ordenou a invasão de Portugal. Com medo, o príncipe regente, Dom João VI, decidiu fugir junto com a Corte portuguesa para o Brasil, sendo escoltado pela marinha britânica, que os ajudariam na fuga. Em 28 de novembro de 1807, a Família Real e mais 15 mil portugueses – entre servos e empregados domésticos ­, deixaram Portugal e o restante da população lusitana e partiram rumo à capital do Estado do Brasil, na época, a cidade do Rio de Janeiro, que também viria a ser a capital de Portugal..
Com a transferência da família real para o Rio de Janeiro, a corte portuguesa viu se obrigada a
tratar de maneira diferente sua colônia do continente americano, pois precisava acomodar melhor a elite lusa, e, necessitava aumentar a sua riqueza (e consequentemente seu poder), que havia sido bastante enfraquecida após a grande fuga. E, assim, foram tomadas duas medidas que foram fundamentais para o desenvolvimento do Brasil: a primeira foi abrir os portos brasileiros ao comércio com as nações amigas de Portugal, acabando assim com o Pacto Colonial, que sujeitava a colônia negociar somente com a metrópole; a segunda ação foi decretar a suspensão do alvará de 1785, que proibia a criação de indústrias no Brasil.

Os laços Brasil-Portugal se estreitam com a chegada da Família Real

Antes de servir como sede para o Império Português, o Rio de Janeiro, mesmo sendo a capital Brasil, era um lugar bem modesto em comparação aos altos padrões europeus. Com uma população de pouco mais de 50 mil habitantes, a cidade não tinha estrutura suficiente para receber um número tão grande de pessoas. Por isso Dom João requisitou as melhores casas da cidade para abrigar temporariamente os nobres de Portugal. Qualquer residência que fosse marcada com um "P.R." ("Príncipe Regente"), tinha que ser imediatamente desocupada.

Apesar dos despejos, a população carioca em geral ficou encantada com as novidades e melhorias que a presença da realeza dos nossos colonizadores trouxe a cidade. Ruas foram pavimentadas e equipadas com iluminação; novos chafarizes, prédios público e residenciais foram construídos. Agora como um grande ponto comercial, o Rio de Janeiro agora começou a receber uma grande quantidade de artigos de luxo. Lojas de roupas finas, joalherias, salões de cabeleireiros passaram a funcionar tendo como clientela pessoas da Corte e da elite local.


Ainda em 1808, foi criado o Real Hospital Militar, o Jardim Botânico e o Banco do Brasil, que emitia papel-moeda e a concedia créditos a população, principalmente para aqueles que decidissem ir plantar e criar gado nas regiões pouco habitadas. Esse estimulo que Dom João VI deu para interligar a capital ao interior do país foi como que a oficialização de que a colônia brasileiras deixaria de ser somente para a exploração, para ser majoritariamente de povoamento.

No mesmo ano, Dom João autorizou o funcionamento de tipografias e a publicação de jornais, e desta forma, foi “inaugurada” a imprensa no Brasil. O príncipe regente expediu em maio de 1808 um ato real criando a Impressão Régia. Seu objetivo era imprimir “exclusivamente toda a legislação e papéis diplomáticos”. 
Em menos de um mês, foi criado também uma junta encarregada de “examinar os papéis e livros que se mandassem publicar e fiscalizar que nada se imprimisse contra a religião, o governo e os bons costumes.” A imprensa brasileira, desta forma, nascia censurada.
A Gazeta do Rio de Janeiro foi o primeiro jornal (legalizado) do Brasil. Ele era responsável por divulgar os atos reais e informações sobre o estado de saúde dos reis da Europa.


Nos anos seguintes, foram criados o Museu Nacional, a Academia Militar, destinada a formar não só oficiais do Exército, mas também profissionais capazes de dirigir obras públicas, como engenheiros, geógrafos e topógrafos. E em 1810, com a chegada de livros da Biblioteca Nacional de Portugal ao Rio de Janeiro. fundou-se a Biblioteca Nacional do Brasil.

Por Cassiano Meneses e Gisele Martins

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