terça-feira, 25 de novembro de 2014

As belezas do Piscinão de Ramos





Frequentadora curte o piscinão em dia ensolarado

Em tempos surreais no Rio de Janeiro, nos preços, na (falta de) segurança, no descaso com os moradores, é difícil apenas se ater às paisagens óbvias. Em momentos de caos, olhar pra dentro é necessário e olhar além, essencial. Existe um divisor de águas na cidade, que implementa quase um ‘muro’ entre a Zona Sul dos postais e a Zona Norte e lá fui eu me aventurar no mar artificial do Piscinão de Ramos. A relação homem x água independe da procedência, da cor e da temperatura da mesma. Em tempos de ‘inferno’ no asfalto, solução é correr para a água, onde ‘cada mergulho é um flash’.


A nova área de lazer é a alegria da garotada

Na direção contrária ao 'Dois Irmãos', encontrei algo que brilha tanto quanto qualquer maravilha natural - o sorriso genuíno de quem é feliz com o que parece ‘pouco’ aos olhos de quem, antes de olhar além, olha para o bolso. Aventurando-se pelos transportes públicos, seguindo uma família e seu ‘arsenal praiano’ – boias, isopores, brinquedos infláveis e canções de Anitta – fui na direção das águas paradas de Ramos, à beira da Avenida Brasil.



Preparando o salto mortal

Chegando lá, já quase ao meio dia, o cenário perfeito: barraquinhas democráticas, cobertas por lonas que lembram as de circo, em uma quase feira ao ar livre. Uma enxurrada de colchões infláveis e câmaras de pneus anunciavam um dos mais belos portfólios da vida. Crianças e seus sorrisos sinceros, em saltos quase ornamentais, despreocupados em molhar a pessoa ao lado, afinal, ali, todos estão unidos com um só propósito: diversão. Mulheres em seus biquínis fluorescentes, besuntadas com bronzeadores e clareadores de pelo, satisfeitas com o que exibem nas areias quentes que rodeiam o grande tanque. Os homens e suas inseparáveis cervejas, famílias inteiras despreocupadas com o rótulo ‘farofeiros’, que lhes caberia nas areias da Zona Sul.
A água tem uma fórmula universal, porém, os 30 milhões de litros de água que cabem no Piscinão de Ramos contém algo mágico, que torna desconsiderável qualquer tom turvo. Afinal, o que transborda por lá é o que falta em muitas areias e em muitos corações: a felicidade genuína de quem só quer seu lugar, mesmo que apertado, ao sol. 




Por Ana Catarina Teles.

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