O
Rio de Janeiro em 2015 completará 450 anos de existência, 450 anos
de cidade maravilhosa.
Maravilhosa
por suas belezas naturais, pelo seu clima, pelo seu povo, mas também
por sua
moderna
infra-estrutura.
As benfeitorias criadas pelo homem ao longo do tempo
foram importantíssimas para
o desenvolvimento e embelezamento da cidade. Mas apesar de sempre de
ter sido uma cidade modelo para o resto do país, o Rio de Janeiro só
teria um grande salto urbanístico no ano de 1808, quando, fugindo do
exército napoleônico, a corte real portuguesa foi obrigada a se
transferir para as terras cariocas.
Dois
anos antes, em 1806, a Europa ocidental se encontrava sobre o domínio
quase total do Imperador da França, Napoleão Bonaparte, que anexava
nações ao território Francês e atacava severamente quem se
posicionava contra a sua política expansionista.
O Reino Unido da
Grã-Bretanha e Irlanda, a principal potência da época, viu o
crescimento econômico Militar da França como uma ameaça aos seus
interesses, e condenou o imperialismo napoleônico.
Os franceses,
então, decidiram declarar guerra à Inglaterra, mas devido a
poderosa marinha britânica, não foi possível conquistar o
território rival. Visando enfraquecer a economia dos ingleses, que
era o grande amparo do poderio britânico, Bonaparte determinou que
todos os países europeus parassem de negociar com a Inglaterra,
pois, caso negociasse, esses seriam invadidos pelo temido exercito
francês. Esse boicote ficou conhecido como Bloqueio Continental.
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Napoleão e o Bloqueio Continental |
Portugal
que era parceiro e dependente comercial da Inglaterra, ficou em um
grande dilema: se não aderisse ao bloqueio, seria atacado pelas
tropas de napoleão; caso se aliasse aos franceses, seriam os
ingleses que invadiriam seu território. Diante da demora do governo
luso em tomar uma posição, Napoleão ordenou a invasão de
Portugal. Com medo, o príncipe regente, Dom João VI, decidiu fugir
junto com a Corte portuguesa para o Brasil, sendo escoltado pela
marinha britânica, que os ajudariam na fuga. Em 28 de novembro de
1807, a Família Real e mais 15 mil portugueses – entre servos e
empregados domésticos , deixaram Portugal e o restante da
população lusitana e partiram rumo à capital do Estado do Brasil,
na época, a cidade do Rio de Janeiro, que também viria a ser a
capital de Portugal..
Com
a transferência da família real para o Rio de Janeiro, a corte
portuguesa viu se obrigada a
tratar
de maneira diferente sua colônia do continente americano, pois
precisava acomodar melhor a elite lusa, e, necessitava aumentar a sua
riqueza (e consequentemente seu poder), que havia sido bastante
enfraquecida após a grande fuga. E, assim, foram tomadas duas
medidas que foram fundamentais para o desenvolvimento do Brasil: a
primeira foi abrir os portos brasileiros ao comércio com as nações
amigas de Portugal, acabando assim com o Pacto Colonial, que
sujeitava a colônia negociar somente com a metrópole; a segunda
ação foi decretar a suspensão do alvará de 1785, que proibia a
criação de indústrias no Brasil.
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Os laços Brasil-Portugal se estreitam com a chegada da Família Real |
Antes
de servir como sede para o Império Português, o Rio de Janeiro,
mesmo sendo a capital Brasil, era um lugar bem modesto em comparação
aos altos padrões europeus. Com uma população de pouco mais de 50
mil habitantes, a cidade não tinha estrutura suficiente para receber
um número tão grande de pessoas. Por isso Dom João requisitou as
melhores casas da cidade para abrigar temporariamente os nobres de
Portugal. Qualquer residência que fosse marcada com um "P.R."
("Príncipe Regente"), tinha que ser imediatamente
desocupada.
Apesar
dos despejos, a população carioca em geral ficou encantada com as
novidades e melhorias que a presença da realeza dos nossos
colonizadores trouxe a cidade. Ruas foram pavimentadas e equipadas
com iluminação; novos chafarizes, prédios público e residenciais
foram construídos. Agora como um grande ponto comercial, o Rio de
Janeiro agora começou a receber uma grande quantidade de artigos de
luxo. Lojas de roupas finas, joalherias, salões de cabeleireiros
passaram a funcionar tendo como clientela pessoas da Corte e da elite
local.
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Ainda
em 1808, foi criado o Real Hospital Militar, o Jardim Botânico e o
Banco do Brasil, que emitia papel-moeda e a concedia créditos a
população, principalmente para aqueles que decidissem ir plantar e
criar gado nas regiões pouco habitadas. Esse estimulo que Dom João
VI deu para interligar a capital ao interior do país foi como que a
oficialização de que a colônia brasileiras deixaria de ser somente
para a exploração, para ser majoritariamente de povoamento.
No
mesmo ano, Dom João autorizou o funcionamento de tipografias e a
publicação de jornais, e desta forma, foi “inaugurada” a
imprensa no Brasil. O príncipe regente expediu em maio de 1808
um ato real criando a Impressão Régia. Seu objetivo era imprimir
“exclusivamente toda a legislação e papéis diplomáticos”.
Em
menos de um mês, foi criado também uma junta encarregada de
“examinar os papéis e livros que se mandassem publicar e
fiscalizar que nada se imprimisse contra a religião, o governo e os
bons costumes.” A imprensa brasileira, desta forma, nascia
censurada.
A
Gazeta do Rio de Janeiro foi o primeiro jornal (legalizado) do
Brasil. Ele era responsável por divulgar os atos reais e informações
sobre o estado de saúde dos reis da Europa.
Nos
anos seguintes, foram criados o Museu Nacional, a Academia Militar,
destinada a formar não só oficiais do Exército, mas também
profissionais capazes de dirigir obras públicas, como engenheiros,
geógrafos e topógrafos. E em 1810, com a chegada de livros da
Biblioteca Nacional de Portugal ao Rio de Janeiro. fundou-se
a Biblioteca
Nacional do Brasil.
Por Cassiano Meneses e Gisele Martins