terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Quinta da Boa Vista

O antigo prédio do Paço de São Cristóvão (atual Museu Nacional)


Um dos passeios preferidos dos cariocas é passar o dia de domingo na Quinta da Boa Vista, o parque onde no passado residia a família imperial.

Aos domingos e feriados, desde cedo, o parque, com seus 155 mil m², recebe milhares de pessoas em busca de lazer, seja visitando o Jardim Zoológico ou o Museu Nacional, ou ainda simplesmente fazendo um piquenique no gramado, com direito a passeios de caiaque e pedalinho no lago.

Além de seus destaques naturais, como inúmeras árvores, alamedas e lagos, a Quinta da Boa Vista reúne várias atrações que chamam a atenção de quem aprecia o patrimônio cultural da cidade.

Localizado em São Cristóvão, Zona Norte do Rio de Janeiro, o parque foi projeto pelo paisagista francês Auguste Glaziou a mando do imperador D. Pedro II, em 1868. Os primeiros paisagistas a trabalhar na reforma da Quinta da Boa Vista foram Pedro José Pézérat, que melhorou os acessos e foi responsável pelo projeto do pavilhão do Palácio Imperial, e Theodore Marx, que construiu o jardim inglês.

O jardim, com caminhos de forma curvilínea, ganhou elevações e depressões, lagos, grandes áreas gramadas, uma gruta artificial, bancos, pontes que imitam galhos de árvores.

Glaziou introduziu na Quinta o estilo inglês, mais romântico, com caminhos sinuosos. Os jardins de estilo inglês eram considerados na época os mais naturais, livres, e que produziam mais ilusões.

Infelizmente, a Quinta da Boa Vista passou por muitos momentos de abandono e a má conservação e o vandalismo fizeram com que vários elementos da reforma se deteriorassem ou se perdessem para sempre.

A região onde hoje se encontra a Quinta da Boa Vista pertencia à Freguesia de São Cristóvão, onde, no período colonial, se localizavam fazendas de gado e engenhos de açúcar de propriedade dos jesuítas. A Freguesia de São Cristóvão era uma área coberta por mangues, com densa vegetação. Ganhou esse nome devido a uma igrejinha dedicada a este santo, erguida pelos jesuítas, à beira-mar.

Com a expulsão dos jesuítas do Brasil, em 1759, as fazendas da região foram divididas em quintas e sítios menores. Uma dessas quintas foi adquirida pelo comerciante e traficante de escravos Elias Antônio Lopes, que ali, em 1803, construiu uma casa, considerada a melhor da cidade na época, apesar das instalações modestas. A propriedade era então chamada de Chácara do Elias.

Como a casa foi erguida na parte mais alta do terreno, o local foi rebatizado para Quinta da Boa Vista. Com sua posição privilegiada, dali podia-se contemplar um belo panorama, que incluía a Praia de São Cristóvão (hoje inexistente), a Floresta da Tijuca e o Corcovado.

Com a chegada da corte portuguesa ao Brasil, em 1808, Elias Antônio Lopes cedeu sua propriedade a D. João VI, que se mudou para ali com D. Pedro I e outros membros da família real.

O local passou a se chamar então de Quinta Real da Boa Vista e o casarão, após ser reformado, ganhou o nome de Paço de São Cristóvão (atual Museu Nacional).

Com a ida de D. João VI para a Quinta, grande parte da nobreza brasileira se mudou para São Cristóvão, causando um aumento da população do bairro e originando melhorias, como pavimentação das ruas e instalação de iluminação pública. Mais tarde, os trechos alagadiços foram aterrados e os caminhos por terra aprimorados.

No século XX, mais precisamente em 1907, por determinação do então presidente Afonso Penna, tiveram início na Quinta da Boa Vista, obras de embelezamento e modernização. O parque foi reinaugurado em 12 de outubro de 1910 pelo presidente Nilo Peçanha e ganhou novos passeios, o Jardim Terraço, mesas, bancos, sanitários públicos em forma de quiosques, além do Pagode Chinês e o Templo de Apolo.

Em 1938, o prefeito Henrique Dodsworth construiu, nos fundos da Quinta, o Jardim Zoológico Municipal, inaugurado em 1945.

Apesar de ter perdido área ao longo dos anos para ocupação de órgãos públicos, a Quinta da Boa Vista continua sendo uma das mais populares opções de lazer dos cariocas.

Por Isabela Vasconcellos

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